quinta-feira, 31 de março de 2011

Gaia - Capítulo 12

Capítulo 12

O barulho do portão cinzento descendo e se fechando ecoou pelo lugar. Era um salão grande, com piso branco, semelhante ao hangar de naves de abordagem. A diferença é que esse era muito maior. Entre o portão que se fechara e um outro portão no final do lugar haviam cem metros, provavelmente levava a um outro hangar. Draco virou o rosto e calmamente começou a observar em volta, tentando não despertar suspeitas. Vários portões semelhantes se mostravam ao longo das paredes laterais, podendo apenas ser parcialmente vistos, graças à paralelepípedos cinzentos gigantescos, que imponentes, se faziam presentes em todo o local.

“O que são essas coisas cinzas? São gigantes, e as aberturas que possuem são tão grandes que uma das naves de abordagem passariam facilmente”
Foi então que Draco voltou o olhar para o capitão da tropa. Ele estava olhando diretamente para o assuriano, com o corpo de lado, enquanto segurava o comunicador em uma mão. Tudo indicava que já fazia algum tempo que ele estava assim, já que o resto da tropa parara de andar e também estavam olhando para trás.
— Soldado, você não está me escutando? -  disse a voz abafada, vinda de trás do elmo bálmare com um pequeno símbolo azul na testa.
— Ah, sim senhor. - respondeu Draco, ainda sem saber como agir com os bálmares.
— Qual o seu nome?
“Nome! Merda, não pensei num nome! E como eu vou saber um bom nome bálmare??!!”
— Schwartz.
Por algum motivo, Draco teve a impressão que o capitão estaria fazendo alguma careta por debaixo do elmo, depois de ter escutado um nome tão estranho.
— Schwartz é um nome bem incomum... Não importa. - o capitão voltou a olhar para a tela do pequeno comunicador, e depois para o grupo - Recebi uma mensagem da ponte de comando, os soldados que foram para a ala 5 não são suficientes para abater os assurianos que invadiram. Próximo ao local, vamos nos juntar a outros grupos e depois avançar contra os assurianos. Alguma dúvida?
Em uníssono, os bálmares responderam alto e claros:
— Não senhor!
— Ok, me sigam.
Todos se viraram para uma porta um pouco maior que uma pessoa, em uma das paredes do local e começaram a correr em direção a ela, Draco, foi junto. Então um outro grupo de soldados saiu de dentro de um dos paralelepípedos cinzentos através de uma abertura em um dos lados, e assim como outros dois que saíram de dentro de outros blocos, também correram em direção à pequena porta.
“Esses paralelepípedos devem ser os alojamentos dos soldados, e daqui eles tem acesso a vários hangares, para uma reação mais rápida em caso de ataque...”
Outros grupos começaram a sair dos blocos e seguiram para os diversos portões.
“Esses devem estar indo para as naves de abordagem.” - pensou Draco enquanto corria.

Os outros dois grupos, que saíram de lugares mais próximos à pequena porta, chegaram lá primeiro, a abriram e seguiram na frente por um corredor. O grupo de Draco fez o mesmo. Eles ofegavam, e o som de suas respirações pesadas podia ser ouvido através do elmo que cobria todo o rosto. Talvez eles tenham participado do ataque de hoje à minha casa, e por isso estejam cansados, pensou o jovem.

Durante alguns segundos permaneceram assim, até que o capitão dobrou em uma esquina, todos os outros, um a um, fizeram o mesmo, seguindo seu superior. Draco viu nisso uma oportunidade, e ao invés de dobrar, seguiu direto, indo para longe do grupo. Depois de alguns minutos correndo pelo piso branco e corredores cinzas ele parou para avaliar. Não sabia onde estava, usava uma armadura bálmare mas não sabia sequer falar balsh, o idioma deles, e não fazia a menor ideia para onde haviam levado Anette, Mímin e Bertha.
— Se ao menos alguma delas pudesse usar magia... - sussurrou - eu sentiria a energia e seria capaz de localiza-las...
— Ei, soldado!
A voz vinha alguns metros detrás de Draco. Assustado, rápido ele se virou, e quando já pensava em largar o rifle e levar a mão à espada se lembrou do disfarce.
— Sim, senhor?
Um guerreiro bálmare usando uma armadura completa com um traço vermelho que atravessava seu peito e ombros se aproximou caminhando calmamente. Ele trazia consigo uma espada embainhada nas costas e um fuzil um pouco diferente dos outros - parecia mais pesado - em mãos.
— Venha comigo, ainda existem guerreiros assurianos na ala 5.
“Agora mais essa... quando eu pensei que ia conseguir procurar pelas outras!”
O bálmare fez um sinal para que Draco se aproximasse. Lado a lado os dois correram pelos corredores da nave, subiram um elevador grande, sem paredes ou teto, erguido por grandes correntes, correram por mais corredores, e então passaram por uma porta e chegaram em uma pequena sala, onde um balcão, alguns bancos e outra porta ao fundo enfeitavam o lugar junto com várias pessoas feridas, que tinham suas armaduras destroçadas ou membros decepados.

Antes que pudessem fazer qualquer coisa, um capitão que estava sentado num banco, tentando estancar com um pano o sangue de um corte no braço - que tiveram a armadura destruída - se levantou e falou se dirigindo ao bálmare com quem Draco seguira:
— Senhor, os assurianos à bordo foram abatidos. Nesse momento os sobreviventes estão sendo levados à enfermaria.
— Certo.
Então o homem com a linha vermelha na armadura retirou um comunicador do bolso, igual ao dos capitães e o levou para perto de onde a boca fica por trás do elmo. Ao tocar uma parte da tela um som podia ser ouvido.
— Ponte de comando, aqui é o coronel Van der Kraum. Qual a situação do embate com as tropas assurianas?
Uma voz saiu do comunicador.
— As tropas enviadas nas naves de abordagem eliminaram o navio de guerra assuriano. Nesse momento elas estão retornando para os hangares, para então cruzarmos para o plano da Terra.
“Merda. As coisas estão cada vez piores...”
— Ok. - o coronel tocou novamente a tela do comunicador, que se apagou, e se virou para Draco - Me ajude a transferir os feridos para a enfermaria. Vá até lá e traga uma maca. Avise todos os soldados que encontrar no caminho para fazerem o mesmo.
— Sim, senhor. - “É a minha chance!”
Draco saiu pelo mesmo local que havia entrado e foi andando pelos corredores, até que encontrou um outro soldado.
— Ei! - disse ele - Onde estão as prisioneiras que foram capturadas hoje? O coronel Van der Kraum quer que eu leve uma delas para a ponte de comando. Ele quer falar com ela.
— O que? - disse o soldado que estava parado de vigia ao lado de uma porta, sem entender direito o que o assuriano queria - As assurianas estão na prisão aqui da ala 5.
— Eu sou novo por aqui, fui designado para o Gnios somente a partir dessa missão e não conheço direito o lugar, você podia me dizer com chegar lá?
Inventar uma história em um lugar desconhecido era algo arriscado, mas Draco precisava correr esse risco.
— Ah, tudo bem. Siga por esse corredor e dobre na segunda direita. No final desça pelo elevador e você vai estar na entrada da prisão. Depois basta erguer as costas da mão direita e mostrar o ID que fica escrito nela para a câmera e o guarda vai abrir a grade.
— Ah, obrigado.
— De nada. Você tem um sotaque estranho. Até mais.
Suando frio, mas satisfeito, Draco seguiu andando tranquilamente para não despertar suspeitas, apesar de querer correr e acabar com tudo o mais rápido possível.

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