terça-feira, 22 de março de 2011

Gaia - Capítulo 10

Capítulo 10

O receio e a curiosidade tomaram a mente de Draco. Ele nunca havia entrado em uma nave Bálmare, não sabia o que havia lá dentro, ou ao certo como usar qualquer coisa que houvesse por lá, e esse pensamento lhe agoniava. Dava medo. Medo de não conseguir entrar na nave-mãe, encontrar os sequestrados e libertá-los antes que o navio de guerra assuriano finalizasse os bálmares.

Sem esforço, num salto Draco foi da superfície coberta de grama para o piso metálico da nave, que jazia a uma certa distância do chão. O interior era escuro, a fraca luz prateada da lua só era capaz de iluminar alguns centímetros nave à dentro por causa do ângulo em que era transmitida. Decidido, apertou a bainha da espada e acurou a visão, tentando enxergar algo em meio ao breu.
- Droga... - sussurrou, baixinho - ‘só apertar alguns botões’, sei...
Ele engoliu a saliva que se acumulara na boca, numa forma de juntar coragem e fazer o que era necessário. Sem pensar em nada deu o primeiro passo, o som metálico do sapato elegante tocando o aço ecoou pelo lugar, e o som de alguma outra coisa chamou a atenção. Uma luz verde começou a piscar de algum lugar na nave, aproximadamente na altura dos olhos de Draco. Sempre que piscava ela emitia o mesmo som, totalmente novo a quase qualquer assuriano. O barulho do sapato batendo no aço ecoou de novo, mas dessa vez não apenas um. Draco caminhava em direção à pequena luz piscante, queria descobrir o que aquilo era, podia ser um dos botões a serem apertados para se usar a nave... Mas o barulho de algo se encaixando o fez parar e levar a mão livre ao cabo da espada. Espantado, ficou olhando em volta, tentando descobrir de onde isso viera. Luzes vermelhas no teto e nas paredes se acenderam junto com dois monitores que haviam no painel de controle da nave. O espaço de dentro era pequeno, um corredor largo o suficiente para duas pessoas caminharem ombro a ombro, dois bancos coletivos - um em cada lado da nave - suficiente para 12 se sentarem, e duas cadeiras na parte da frente, provavelmente para dois pilotos.
A nave chacoalhou. Um frio subiu pela barriga de Draco e foi até seu peito. Ele sentia que estava se deslocando, e para cima. Correu até a parte de trás da nave, e se segurando em uma barra que havia ao lado da porta destruída. Colocou a cabeça para fora e olhou para baixo. Estavam subindo, agora já estava a mais de cinco metros do chão, e não parecia que a nave ia parar, já que a velocidade estava aumentando.
- Merda! Agora é merda mesmo!
Draco correu para a frente da nave e sentou em uma das cadeiras. Os monitores passavam mensagens em caracteres estranhos escritas em letras verdes e em intervalos regulares exibiam uma forma tridimensional da nave, com setas apontando para partes dela e as ligando a gráficos e barras.
- Droga, o que está acontecendo?!
Uma voz feminina, um pouco mecânica, sem emoção, começou a sair de todas as direções, fazendo Draco ficar ainda mais confuso do que já estava, e ter vontade de estraçalhar o monitor à sua frente com um soco.
- Mais essa agora... Uma mulher falando um idioma estranho.
Durante mais alguns minutos a nave continuou a subir. Draco se resignou e afundou na cadeira, ficando da forma mais confortável que podia. Cruzou os braços, esperando o desfecho de seja lá o que estivesse acontecendo.
- Idioma calibrado de balsh para básico. - a voz havia mudado, agora estava falando algo que se podia entender.
- Ah, finalmente!
- Repetindo: O cruzador de dimensões Gnios está sob ataque. Protocolo de retorno ao cruzador nível 3 ativado pelo computador central. Todas as naves fora do cruzador ativadas e retornando à doca da nave-mãe, independente da quantidade de soldados no interior. Situação de emergência.
Um sorriso maldoso tomou conta do rosto do garoto.
- É pai... parece que o senhor estava certo, é bem fácil usar essas naves bálmares.
Draco estava indo direto para a nave-mãe bálmare, as coisas agora iriam pegar fogo, literalmente, ele pensou.

Licença Creative Commons
Gaia - Capítulo 10 de João Ricardo Atanasio Borba é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Unported.
Permissions beyond the scope of this license may be available at http://portaodeymir.blogspot.com.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comenta aí!