quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Gaia - Prólogo

Prólogo.

Ano de 2015, aquela parecia uma manhã normal na história da humanidade. Eu acordei com o som do despertador, um barulho chato, que parecia induzir a pessoa a se levantar com aquele som penetrante, nem que fosse apenas para desligar o aparelho e se esgueirar para debaixo do lençol e dormir mais algumas horas.
Me levantei ainda sonolento e andei até a escada que ligava o primeiro andar e o térreo da casa. Era uma casa de tamanho médio, no térreo ficavam a cozinha, a sala de estar, um dos banheiros, e um pequeno escritório, que era apenas metade do tamanho de um dos quartos. Minha mãe tomava café enquanto comia um pão melado de manteiga na cozinha. Ela comentava com a empregada, que estava lavando os pratos, o quanto era difícil cuidar sozinha da limpeza de uma casa daquele tamanho onde três pessoas moravam, e que não sabia o que faria se não houvesse alguém para ajudar. As duas me deram bom dia ao me ver, e minha mãe comentou que eu parecia um pouco abatido. Não era para menos, eu quase não tinha dormido aquela noite. Tinha assitido filmes até tarde na pequena televisão do meu quarto.

Depois de tomar um bom café da manhã, com ênfase na parte "café", para que conseguisse ficar acordado em todas as aulas da faculdade naquele dia. Subi de volta para o primeiro andar. Lá ficavam os quartos da casa e dois banheiros. Os quartos eram três, sendo um deles suíte. O único banheiro do andar, que ficava fora da suíte, estava ao lado da escada. A suíte era ocupada pelos meus pais, o segundo maior quarto da casa era meu, e o outro quarto era usado pelos hóspedes que precisassem passar a noite por lá.

Me arrumei e saí de casa. Fazia faculdade de medicina em uma universidade publica federal. Assim que saí do ensino médio comecei a cursar educação física, mas por insitência de minha mãe larguei o curso e no mesmo ano prestei exame vestibular de novo - dessa vez para medicina. Já fazia mais de um ano que eu estudava para me tornar um médico, agora eu estava no terceiro período. Achei que não ia acontecer nada de mais naquele dia, que seria só mais um dia chato, como todas as segundas-feiras, e que assitiria em torno de seis horas de aula, três pela manhã e três pela tarde. Bem, o dia seguiu dessa forma mesmo, com toda a chatisse e todas as aulas que eu tinha previsto, até que no final da tarde aquilo apareceu no céu: Uma bola acinzentada que cobria um grande espaço aéreo.

Os telejornais foram ao ar algumas horas depois da bola cinza aparecer no céu. Todos eles exibiram matérias sobre o que poderia ser aquilo. Na internet milhares de pessoas falavam de alienígenas, que extraterrestres vieram dominar a terra, e ainda haviam aqueles que falavam de apocalipse. Para mim todos não passavam de loucos. A cada hora um flash nas emissoras traziam as últimas informações sobre o objeto voador, mas nenhuma dessas informações era de alguma valia. Eu não me importava nem um pouco com aquilo, contanto que não afetasse minha vida, então fui dormir cedo, pois ainda tinha sono acumulado da noite anterior, mal dormida.

Acordei às 6 e cumpri o ritual diário de tomar café, me arrumar e pegar o ônibus para a faculdade. Por azar, naquele dia o ônibus quebrou. Ele parou bem em frente a uma igreja que ficava em uma movimentada avenida no caminho da minha casa para a faculdade. As pessoas lá dentro oravam em coro, pedindo que Deus salvasse as almas delas. Provavelmente todos os que frequentavam aquela igreja haviam sido "tocados" pela bola cinzenta que pairava no céu, e nesse momento clamavam por misericórdia. Me pareceu que aquele objeto também fez muitos ateus ou integrantes de outras religiões procurarem a igreja, já que nos quinze minutos em que permaneci parado na calçada em frente à ela pelo menos dez pessoas entraram e perguntaram como poderiam se batizar e aceitar Deus. Eu já estava de saco cheio daquela demora, andei um pouco apressado até o motorista e falei com ele.
- Motorista, tem alguma noção de quanto tempo vai demorar pra passar o próximo ônibus?
- Olhe, não devia demorar mais do que quinze minutos não viu, mas como você pode ver, essa é uma avenida movimentada, e esse ônibus quebrado aqui no meio fez o trânsito andar mais devagar, já já deve tá passando outro e a gente bota vocês pra dentro dele.
- Tá, valeu.
Naquele momento a raiva me subiu à cabeça. Com o trânsito que estava naquela avenida e com a demora do ônibus, com certeza eu ia chegar atrasado. Chegar atrasado significava que eu ia levar falta, e levar falta não é algo muito bom quando se quer agradar o professor, tática essa muito usada quando se está pendurado em uma matéria e o professor pode dar uma ajudinha. Tive vontade de chutar a carroceria daquele ônibus maldito. Por que a empresa não fazia a parte dela e colocava ônibus que funcionavam nas ruas, já que se pagava tão caro pela passagem?

Foi em meio a esses pensamentos de raiva e reflexão da minha parte que a vida de todos começou a mudar.

Ouvi o som de algo assoviando, de instinto comecei a olhar em volta, procurando a fonte do som. No céu só haviam algumas nuvens e o objeto voador não identificado cinza. Nada naquele lugar parecia emitir tal som, tinham carros buzinando, o barulho do reboque recém-chegado levantando a parte da frente do ônibus, e até pessoas gritando ao longe. Mas não tinha nada que pudesse emitir um assovio. O que seguiu foi o som de uma explosão, ninguém na avenida sabia de onde o som viera, então todos se deitaram de bruços no chão e colocaram as mãos nas cabeças como forma de proteção. Ainda com o barulho ecoando em nossas cabeças o assovio reiniciou, e mais uma vez ao final do assovio, uma explosão. Alguns segundos depois o ritmo das explosões aumentou, e continuou aumentando até chegar no ponto de não se conseguir mais distinguir quando acabava o som de uma e começava o som de outra. O pânico tomava conta das pessoas. Deitadas na calçada, muitas choravam, muitas gritavam, e algumas faziam os dois. Lutando contra a vontade instintiva de permanecer deitado me levantei, e de cabeça baixa corri para dentro de uma farmácia próxima. Lá me deitei no chão e protegi a cabeça de novo, mas não adiantaria muito. Uma das explosões atingiu a farmácia, vi escombros desabarem por cima da atendente que se protegia deitada atrás de um balcão de vidro, ela gritou quando as vigas atravessaram seu abdome, e seu sangue manchou a vitrine onde os remédios da parte de baixo do balcão ficavam expostos. Eu fui a outra vítima dos escombros, escutei o barulho da alvenaria rachando, vi a poeira cair da rachadura no teto, e um pedaço do mesmo despencou lá de cima, me acertou na testa e me fez perder a consciência.

2 comentários:

  1. Boa manolo.

    É assim que começa xD... Mestrando rpg, criando tramas em blogs ;D.
    Logo,logo tu ta escrevendo um livro \o/

    By Alan =D

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