quarta-feira, 13 de abril de 2011

Gaia - Capítulo 12 versão 2

O portão se fechou com um barulho metálico. Um pátio dentro do cruzador bálmare se extendia por uma centena de metros, com vários contêineres cinzas ocupando sua superfície e soldados entrando e saindo deles, o local era muito mais silencioso do que se esperava de um alojamento. Vários portões dispostos pelas paredes laterais levavam a hangares. “Uma ótima estratégia para uma reação rápida a ataques.” Pensou Draco enquanto observava um esquadrão adentrando num hangar e subindo à bordo de uma nave.

— Fechando a porta do hangar 8, todas as pessoas próximas ao local, saiam debaixo da porta.
O assuriano olhou para o alto. Numa cabine presa ao teto, olhando através de janelas transparentes estava um bálmare que falava por um alto falante, dando instruções quando necessário, e com um movimento de sua mão a porta do hangar 8 se fechou. O capitão olhava para Draco, que havia voltado sua atenção de volta para o esquadrão.
— Você, que estava de vigia no hangar, qual o seu nome?
“Droga... eu não tinha pensado em um nome...”
— É Schwartz.
— Muito bem Schwartz, a situação é a seguinte: Eu ordenei que uma equipe de limpeza e outra de manutenção fossem enviadas para o hangar de onde você veio. Elas vão limpar a sujeira que o assuriano causou e reparar a nave danificada. Como todas as naves daquele hangar já retornaram, você não ficará mais de vigia, virá com nosso pelotão para a ala 5. O navio assuriano atirou no alojamento, detonando o lugar com o canhão, eliminando a maioria dos soldados de lá, e invadiu por onde antes havia o teto do pátio e a fuselagem externa da nave. Uma parte das tropas de outra áreas está sendo deslocada pra combater lá, enquanto outras embarcam em naves de abordagem e invadem o navio, acabando com o ataque assuriano pela raiz. Nossos números são muito maiores que os deles, não deve demorar muito até que tudo esteja finalizado. Acabo de receber no comunicador a rota que devemos tomar. Alguma pergunta?
— Sim, senhor.
— Diga.
— Os assurianos - começou Draco - provavelmente invadiram por causa dos prisioneiros, o que faremos com eles?
— O que? Como sabe sobre os prisioneiros?
— É que eu estava de vigia no hangar quando eles chegaram, senhor.
— Ah, é. Eu tinha me esquecido que eles chegaram pelo hangar...
“Essa foi por pouco! Ele quase me descobriu!”
— Não se preocupe com os prisioneiros. Os Assurianos nunca vão chegar até eles. Vamos.

Fazendo assim como muitos outros esquadrões, o grupo começou a correr, entrando por uma porta próxima - que abriu sozinha e sem barulho - e seguindo pelos corredores da nave em direção à ala 5.
— Ei, Schwartz. - disse um dos companheiros de pelotão enquanto diminuía o passo da corrida para ficar lado-a-lado com Draco - Você foi muito bom em matar aquele aquele assuriano, mas não vai ser tão fácil assim enfrentar os que invadiram a ala 5.
— Ah, é?Por que? - respondeu fingindo inocência.
— Eles usam armaduras completas e lutam usando armas mágicas. Provavelmente são de alguma patente alta e batalham muito bem. Se eu fosse você tomava cuidado e não chegava perto demais deles.
— Não precisa se preocupar, Schwartz. - dessa vez era um outro companheiro de pelotão, que estava correndo mais atrás, e agora adiantara o passo para emparelhar com os dois e participar da conversa. Draco olhou para a frente, os outros dois soldados e o capitão corriam a um metro de distância sem se importar com o vozerio vindo de trás. - O Doug aí - continuou o soldado - teve o pai morto na guerra, numa batalha contra um assuriano de armadura completa, e agora ele sempre fica se borrando quando encontra um. Hahahaha.
— Ei, Dane, não é bem assim - respondeu o outro. - Eles são muito fortes sim, se você não tomar cuidado, vai acabar sendo morto por eles qualquer dia desses.
— Basta um tiro na cabeça deles, e já eram. Com essa belezinha aqui - ele deu alguns tapinhas no fuzil - eu posso acertar a fenda do elmo de um deles bem fácil.
“Guerreiros de armadura completa são os que usam magias de intensificação física, vai ser difícil algum bálmare escapar com vida de um encontro com um deles. Esses caras não conhecem mesmo o inimigo que estão enfrentando... Ok, sem mais tempo à perder!”
O fuzil que estava na mão direita foi arremessado, acertando a cabeça de um dos que corriam à frente.
— Ai! -  disse ele enquanto virava a cabeça para trás, sem parar de correr.
Antes que o metal tocasse o chão e alertasse os outros com o barulho, num movimento Draco desembainhou a espada enquanto girava em pleno ar, em torno do próprio eixo, decepando as cabeças dos dois bálmares que estavam ao seu lado, e do que estava à frente. O som dos corpos vindo ao chão, junto com o metal tinindo e a parada no vozerio alertou o capitão e o último companheiro restante. Os dois viraram o rosto para trás, somente para serem perfurados pela lâmina da espada, que rápida como uma bala entrou pelo elmo do primeiro, foi retirada pela lateral, de forma bruta, rasgando o crânio, e depois foi enfiada na cabeça do capitão, pela viseira, destroçando tudo que havia dentro.

O tênue brilho avermelhado podia ser visto enquanto Draco retirava a espada e a limpava, com o habitual movimento que espalhava o sangue numa linha pelo chão. O brilho vinha dos olhos, que mesmo escondidos pelo preto da lente do elmo, ainda o emanavam com força suficiente para ser visto. O brilho refletia na lâmina pálida da espada, agora livre de qualquer mancha. Calmo, o assuriano olhou para a frente. Só havia uma coisa a se fazer, e era continuar andando e procurar as prisioneiras.

A sensação de algo comprido tocando a lateral do pescoço e uma voz abafada vinda de trás chamou a atenção.
- Você é do tipo bem rebelde, não é?
A voz saía como as faladas de trás de um elmo bálmare. Draco virou um pouco o rosto e enxergou uma lâmina encostada em seu pescoço, pronta para lacerar a pele e veias, longa ao ponto de não se ver nada de quem a estava segurando.
- Quem é você? - perguntou o assuriano, enquanto devagar, girava a cabeça e o corpo tentando enxergar o inimigo.
- É melhor parar por aí, se você girar mais um centímetro, corto sua cabeça. Você ter matado seu oficial e também os companheiros de esquadrão já é motivo suficiente para isso.
- Não é muito comum bálmares usando espadas...
- Digo o mesmo. Você tem uma habilidade incomum com ela, e um estilo que eu nunca vi. Qual o seu nome?
- Schwartz.
- Boa noite, Schwartz.
Uma pancada forte atingiu a parte de trás do pescoço de Draco. A visão ficou turva, e ele teve a sensação de cair em câmera lenta enquanto perdia a força nas pernas. Desabou no chão sem fazer muito barulho, com o rosto virado para trás. Ainda conseguiu ver as botas de um bálmare se aproximando. Tentou erguer o rosto. Uma faixa vermelha, pintada no peito e braços da armadura estava lá, como a dos capitães. A bota do homem veio com grande velocidade e colidiu, com força, contra o rosto de Draco. O gosto de sangue tomou a boca, a vista escureceu de vez, e ele perdeu os sentidos.

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Gaia - Capítulo 12 versão 2 de João Ricardo Atanasio Borba é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Unported.
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